NOVO CÓDIGO DA ESTRADADA

O perigo está nos comportamentos

O novo Código da Estrada com regras mais severas e multas mais pesadas incide sobretudo nos comportamentos perigosos dos condutores, mas também dos peões.
As grandes modificações introduzidas pelo Decreto-Lei, que altera o anterior Código da Estrada, pretendem agir sobre o excesso de velocidade, a condução sob o efeito do álcool e de drogas, manobras perigosas e/ou a violação de regras de segurança, onde se incluem tanto condutores como peões. Estes últimos, o elo mais vulnerável desta cadeia, onde o carro se perfila como uma máquina diabólica capaz de matar, tanto os que o usam como os que lhe aparecem pela frente. E, porque nesta matéria os condutores são sempre os melhores informados, importa alertar o peão para certos comportamentos que lhe determinam a morte ou a vida.
Para o peão há então, neste código, artigos e alíneas que lhe são inteiramente dedicadas. Entre o conjunto está o artigo 101, que estabelece que “os peões não podem atravessar a faixa de rodagem sem previamente se certificarem de que, tendo em conta a distância que os separa dos veículos que nela transitam e a respectiva velocidade, o podem fazer sem perigo de acidente; que o atravessamento da faixa de rodagem deve fazer-se o mais rapidamente possível; que só podem atravessar a faixa de rodagem nas passagens especialmente sinalizadas para o efeito ou, quando nenhuma exista a uma distância inferior a 50 metros, perpendicularmente ao eixo da faixa de rodagem; que não devem parar na faixa de rodagem ou utilizar os passeios de modo a prejudicar ou perturbar o trânsito”. E, em todas as situações previstas, o infractor incorre numa coima que vai dos 10 aos 50 euros.
As premissas apontadas, neste caso concreto, visam a segurança dos peões que, em caso de acidente, passam também a ser submetidos aos diferentes exames consagrados na Lei, designadamente, o de pesquisa de álcool.A tentativa é, em suma, a de civilizar os comportamentos de todos os que usam as estradas, caminhos e ruas, pena é que para atingir os objectivos o grau da repressão precise de aumentar, quando afinal o que está em causa é o respeito por nós e pelos outros.

TEMPO DE SECA

As previsões climáticas para Portugal não são animadoras.
A falta de chuva está a causar graves prejuízos na agricultura e tem já reflexos no abastecimento de água às populações.
Neste quadro as previsões do Instituto de Meteorologia (IM) apontam para fracos índices de chuva no decorrer deste mês e também no de Abril, que este ano serão mais secos que o normal.
O período que vivemos é de seca.
Os portugueses sabem-no bem, mesmo que as instituições competentes deste país tentem escamotear o problema e, como sempre, esconder a cabeça na areia como o avestruz.
Com este quadro, resta ao cidadão a dúvida: será que o fazem por incompetência, por falta de meios ou porque planear dá muito trabalho ou porque, eventualmente, não vale a pena antecipar os problemas, quando somos tão bons a “desenrascar” soluções de recurso.
Seja como for, a situação é preocupante e não é de agora, contudo, como é da tradição portuguesa só se colocam trancas nas portas depois da casa roubada. E, o resultado está à vista, aquilo que podia estar estudado, salvaguardado e com soluções estruturadas e sustentadas, descamba agora para uma situação muito aguda com todos a tentarem salvar a sua “quintinha”, depois de terem passado décadas a ignorar os avisos que chegaram da comunidade científica nacional e internacional.
Foram muitos os avisos que definiam a seca como um fenómeno recorrente das profundas alterações climáticas operadas no planeta, as quais, tendencialmente, têm frequências e gravidade crescentes.
São, aliás, da comunidade científica os alertas, em todas as línguas, que nos dão conta das “fortes probabilidades de ocorrerem situações extremas de frio, de calor, de ventos fortes, de chuvas e de secas”. Isto, porque estes homens e mulheres têm, como mais nenhuns, a consciência e o conhecimento de que as alterações climáticas são reais e têm repercussões à escala mundial.
Neste quadro, os cientistas portugueses não escondem essa percepção e dizem que Portugal está há 30 anos a mudar.
Assim, triste... triste, é verificar que quem nos governa anda há 30 anos a viver num outro planeta que não a Terra.Para já, enquanto uns dormem na formatura é preciso agir.

O QUE TODOS DEVEMOS FAZER EM TEMPO DE SECA

Autoclismos

* ajuste do autoclismo para o volume de descarga mínimo (quando aplicável);
* uso de descarga de menor volume, ou interrupção da descarga, para usos que não necessitem da descarga total (e.g. urina);
* colocação de lixo em balde apropriado a esse fim, evitando deitar lixo na bacia de retrete e a descarga associada;
* redução do volume de armazenamento (colocando garrafas, pequenas barragens plásticas, etc.), evitando no entanto usar objectos que se deteriorem ou que impeçam o bom funcionamento dos mecanismos;
* não efectuar descargas desnecessárias do autoclismo;
* reutilização de água de outros usos para lavagem da bacia de retrete (em situações de escassez);
* aquisição ou substituição de autoclismos, eventualmente associados a retretes específicas, mais eficientes.

Chuveiros

* utilização preferencial do duche em alternativa ao banho de imersão;
* utilização de duches curtos, com um período de água corrente não superior a 5 minutos;
* fecho da água do duche durante o período de ensaboamento;
em caso de opção pelo banho de imersão, utilização de apenas 1/3 do nível máximo da banheira;
* recolha da água fria corrente até chegar a água quente torneira, para posterior rega de plantas ou lavagens na habitação (em situação de escassez);
* utilização de recipiente para certos usos (lavagem de vegetais, de mãos, etc.) e reutilização no autoclismo ou na rega consoante apropriado (em situação de escassez);
* adopção de um modelo com menor caudal sempre que for necessária a substituição de um chuveiro;
* utilização de torneiras misturadoras, mono comando ou termo estáticas, que permitem também diminuir o consumo por utilização, já que permitem a redução do desperdício até a água ter a temperatura desejada (por eliminação do tempo de regulação da temperatura e facilidade de abertura e fecho);
* adaptação de dispositivos convencionais através da instalação de arejador, de redutor de pressão (anilha ou válvula) ou de válvula de seccionamento.

Torneiras (lavatório, bidé, banheira e lava-loiças)

* minimização da utilização de água corrente para lavar ou descongelar alimentos (com utilização alternativa de alguidar), para lavagem de louça ou roupa (com alguidar), para escovar os dentes (com uso de copo ou fechando a torneira durante a escovagem), para fazer a barba (com água no lavatório ou com utilização alternativa de máquina eléctrica) ou lavar as mãos;
* verificação do fecho correcto das torneiras após o uso, não as deixando a pingar;
* utilização da menor quantidade de água possível para cozinhar os alimentos, usando alternativamente vapor, microondas ou panela de pressão (poupando água, vitaminas e melhorando o sabor);
* utilização de alguma água de lavagens, enxaguamento de roupa ou louça ou de duches (com pouco detergente) para outros usos, como sejam lavagens na casa e, por períodos limitados, em rega de plantas (também para encher autoclismos, desligando previamente as torneiras);
* utilização da água de cozer vegetais para confeccionar sopas ou para cozer outros vegetais (no frigorífico dura vários dias);
* sempre que necessária a substituição de uma torneira, optar por um modelo com menor caudal;
* a utilização de dispositivos mais eficientes permite diminuir o consumo; entre os diferentes mecanismos existentes destacam-se as torneiras com maior ângulo de abertura do manípulo, com redutor de caudal, com dispositivo arejador, com dispositivo pulverizador, com fecho automático ou torneiras com comando electrónico;
* recurso a torneiras misturadoras, mono comando ou termo estáticas;
* adaptação de dispositivos convencionais através da instalação de arejador ou de redutor de pressão (anilha ou válvula).

Máquinas de lavar roupa

* consulta das instruções do equipamento, particularmente no que se refere 3 recomendações relativas aos consumos de água, energia e detergente;
* utilização da máquina apenas com carga completa;
* não utilização de programas com ciclos desnecessários (exemplo, pré-lavagem);
* selecção dos programas conducentes a menor consumo de água;
* regulação da máquina para a carga a utilizar e para o nível de água mínimo, se possuir regulador para esse fim;
* substituição de máquinas de lavar roupa no fim de vida por outras mais eficientes em termos de uso de água e energia e com maior flexibilidade para adaptação dos programas necessidades de lavagem.

Máquinas de lavar louça

* cumprimento das instruções do equipamento, particularmente no que refere 3 recomendações relativas aos consumos de água, energia e aditivos (detergente, sal e abrilhantador);
* utilização da capacidade total de carga sempre que possível;
* minimização do enxaguamento da louça antes de a colocar na máquina;
* não utilização de programas com ciclos desnecessários (por exemplo, enxaguamento);
* selecção de programas conducentes a menor consumo de água;
* regulação da máquina para a carga a utilizar e para o mínimo nível de água, se possuir regulador para esse fim;
* lavagem de louça na máquina em vez de a lavar mão;
* limpeza regular dos filtros e remoção de depósitos;
* substituição de máquinas de lavar louça no fim de vida por outras mais eficientes em termos de uso de água e energia e com maior flexibilidade para adaptação dos programas necessidades de lavagem.

Nota: As regras citadas têm a chancela da Quercus e se cumpridas por todos serão eficazes na redução do consumo de água, tão importante neste momento como forma de mitigar o impacto da seca que assola Portugal.

SOBREIROS: Novo ataque em Benavente

O respeito que as árvores nos merecem, enquanto seres vivos, continua a não colher adeptos, sobretudo junto dos humanos que continuam a achar legítimo cortar e, literalmente, maltratar estes seres por dá cá aquela palha.
Tem sido assim com diversas espécies, porém, os sobreiros (uma espécie protegida em Portugal) todos os anos fazem correr a tinta de muitos jornais nacionais e regionais.
Desta feita, é de notar que, em pleno Março, estão de volta à ordem do dia, desta vez em Benavente. A história é curta e prende-se com a construção de um loteamento turístico e imobiliário, que os ministérios da Agricultura, Pescas e Florestas e do Ambiente e do Ordenamento do Território reconheceram de utilidade pública.
O resultado desse reconhecimento, que ambientalistas e populares põem em causa, traduz-se assim no abate de 2.605 sobreiros, que em boa verdade já está acontecer.
Pois bem, foi com o intuito de impedir o abate dos sobreiros e a ocupação de mais de 500 hectares de Reserva Ecológica Nacional que a QUERCUS e o CIDAM apresentaram no passado dia 11 de Março, no Tribunal Administrativo e Fiscal de Leiria, uma providência cautelar, cujo intuito é suspender a eficácia do despacho conjunto n.º 204/2005.
Quer isso venha a acontecer quer não, para reflexão ficam aqui algumas perguntas:
- Que País temos nós?
- Que País queremos ter?
- Que gente é esta que só se preocupa com o betão?
- Não haverá formas mais amigáveis de conciliar o dinheiro e o ambiente?
- A quem serve este País que nos querem impôr?
- Agradará aos turistas um país cheio de betão, onde a Natureza está ameaçada?