ODE A QUEM TRABALHA

O ALENTEJANO

Na planície semi-deserta e quente

onde a dureza é pão de cada dia,
quanta angústia se expressa e sente
nos tristes cantes cheios de melodia.

O sol aquece a charneca despida,
torrando a terra e tisnando o rosto,
verga-se a razão ao peso da vida
na ceifa diária d'um pão sem gosto.

Garganta seca e olhos lacrimejantes
regam a terra de ardentes fornalhas,
pela fadiga vergado e suores constantes,
sonha venturas, vencendo batalhas.

As palhas ceifa do trigo alourado,
enchendo de fardos o calcinado chão,
fica a charneca com um tom torrado,
despida de trigo e envolta em solidão.

Exausto e cansado pela dura labuta,
olha com saudade a planície imensa
o homem que não verga e insiste na luta
de desbravar a charneca agreste e extensa.

José Rafael


(Mais poesias do autor no blogue Mira da Serra... é só clicar. O link está à direita no ecrã.)

Sisudos mas perfeitos estes amores, vão dedicados ao Alentejo. Não são do Monte Virgem, mas de um canteiro lisboeta... Para bons entendedores, bastam umas flores. Posted by Hello