Para além do Universo luminoso
Cheio de formas, de rumor, de lida,
De forças, de desejos e de vida,
Abre-se como um vácuo tenebroso.
A onda desse mar tumultuoso
Vem ali expirar, esmaecida...
Numa imobilidade indefinida
Termina aí o ser, inerte, ocioso...
E quando o pensamento, assim absorto,
Emerge a custo desse mundo morto
E torna a olhar as coisas naturais,
A bela luz da vida, ampla, infinita,
Só vê com tédio, em tudo quanto fita,
A ilusão e o vazio universais.
“Nirvana”; soneto de Antero de Quental
Cantar ao Sol e à Lua é o nosso blog das palavras singelas, das figuras polémicas, dos amantes da justiça e da LIBERDADE. É o blog da "música" que transporta a palavra. É o blog dos poetas que dizem melhor que nós próprios, o que nos vai na alma. É ainda o blog onde se diz o que se pensa e se pensa o que se vive. É, por último, o blog "calhanário" (termo preferido do escitor Manuel da Fonseca) onde se escreve quando calha... não o que calha, mas fora da calha...
1 comentário:
Há sempre um belo poema para ilustrar qualquer situação na vida, ou não seja a poesia um reflexo da mesma.
Certa vez, era eu adolescente, fui encarregado de dizer este belo soneto numa festa escolar. subi ao palco, comecei muto bem, mas a meio deu-me "uma branca" paralizante. Tive de me retirar envegonhado. Fiz depois questão de decorá-lo bem e até hoje o sei de cor.
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