ARGUMENTOS CIENTÍFICOS CONTRA OS TRANSGÉNICOS

Dr. Geraldo Deffune G. de Oliveira
Eng° Agr° (USP); M.Sc. & Ph.D. (Univ. of London)
geraldo.deffune@uniube.br

O tema da Clonagem e Engenharia Genética é importante tanto por seu valor biológico intrínseco, como pela actual polémica sobre manipulação genética e patenteamento de seres vivos. Os métodos de melhoramento tradicionais usando sementes, reprodutores, matrizes e clones sempre constituíram uma forma de manipulação genética e a transferência natural de material genético por via microbiana é um fenómeno que ocorre desde as formas mais elementares de vida. Todavia, nesses casos os processos são evolutivamente limitados e adaptativamente direccionados pela selecção natural, ao contrário dos métodos imediatistas e critérios selectivos artificiais e comerciais da Engenharia Genética, como será discutido em detalhe a seguir.É muito importante distinguir a transgenia de ocorrência natural, dos transgénicos artificiais ou comerciais. A mutação e a transferência naturais de material genético são parte do processo evolutivo que no contexto da Natureza permitem a interacção simbiótica constante e a selecção natural. Mutações que podem ser induzidas por fenómenos naturais e transferências de material genético entre ou por micróbios e vírus, ocorrem continuamente desde o princípio da evolução biológica. Lynn Margulis qualifica a transgenia de ‘o primeiro sexo do mundo’, pois foi a primeira forma de troca de material genético que ocorreu e ainda ocorre entre as bactérias, que de outra forma se multiplicam por divisões sem intercâmbios. E cada vez que micróbios ou vírus interagem entre si ou com outros organismos (em simbioses ou infecções), ocorre uma troca de genes que alimenta o processo evolutivo (Margulis e Sagan, 2002). Este fato é fundamental para a correcta interpretação do significado das chamadas "pragas e doenças".A Engenharia Genética ou Biologia Molecular se auto-atribuíram e apropriaram do termo Biotecnologia para usar um nome atraente que disfarça sua profunda artificialidade tecnocrática. Os Métodos Orgânicos ou Biológicos constituem Biotecnologias num sentido muito mais amplo, justo e preciso no que se refere à vida e natureza. A indução de mutações e a transgenia artificial são proibidas na Agricultura Orgânica em geral, porque não servem à evolução adaptativa, nem se sujeitam à selecção natural, mas sim obedecem a critérios e objectivos humanos e sobretudo económicos, ligados a patentes e à concentração de poder.Um exemplo clássico é a incorporação artificial de genes para resistência a herbicidas, que leva a uma maior exposição do solo a fautores de erosão, poluição de alimentos e do ambiente, pelo simples objectivo de controlar os mercados de sementes e agroquímicos, explorando o comodismo de empresários agrícolas que só se preocupam em minimizar custos operacionais.

Sem comentários: